sexta-feira, 19 de março de 2010

Denúncias derrubam diretor-geral da Assembleia

Depois de vinte anos no cargo, Abib Miguel pede afastamento para evitar suspeitas de interferência em investigação

O diretor-geral da Assembleia Legislativa, Abib Miguel, pediu ontem o afastamento do cargo, por conta das denúncias de que ele manteria uma rede de funcionários “fantasmas” e “laranjas” recebendo salários da Casa sem trabalhar. O pedido foi aceito pelo presidente da Assembleia, deputado Nelson Justus (DEM), que na terça-feira anunciou a abertura de sindicância interna para apurar as acusações de desvio de salários e “diários secretos” para encobrir decisões administrativas envolvendo contratações no Legislativo. Na carta, Miguel alega que estaria se afastando para evitar as suspeitas de que pudesse interferir nas investigações. “Recentes notícias publicadas em veículos de comunicação do Estado do Paraná que envolvem minha pessoa, merecem ser apuradas por essa Casa de Leis, de forma clara e cristalina, sem qualquer possibilidade de minha interferência”. No documento, Abib contesta superficialmente as acusações, sem contudo rebater seu conteúdo. “Minha trajetória pública, irrepreensível por longos anos, não pode ser maculada por especulações e sobretudo por falácias impróprias”, alega. E deixa claro que espera que o afastamento seja temporário. “Peço meu afastamento das funções de diretor-geral da Assembleia Legislativa (...), até a conclusão das investigações pertinentes e sobretudo para que venha à tona, a real verdade”, diz.
Segundo a reportagem veiculada na noite de terça-feira no telejornal da Rede Paranaense de Comunicação, Bibinho, como é conhecido o ex-diretor da Assembleia, manteria uma rede de 20 pessoas – entre parentes e amigos - recebendo salários do Legislativo, parte deles sem trabalhar.
Documentos obtidos pela reportagem apontariam mais de 600 depósitos no valor total de R$ 11,2 milhões de 2004 a abril de 2009, a esse grupo ligado a Bibinho. Entre eles o jardineiro da casa de Abib Miguel, Izidoro Vosilk, e a filha do jardineiro, Ana Maria Vosilk. Entre os beneficiados estaria ainda o contador do diretor-geral da AL, Douglas Bastos Pequeno.
Inicialmente, nem Bibinho ou o presidente da Assembleia, Nelson Justus, haviam se pronunciado sobre as acusações. Justus limitou-se a prometer que todas as denúncias seriam investigadas por uma sindicância interna, e que as mesmas seriam encaminhadas ao Ministério Público. Na quarta-feira, o MP anunciou a abertura de inquérito para investigar o diretor-geral da Casa, que ocupa o cargo há 20 anos, desde que o assumiu como homem de confiança do então presidente da AL, Aníbal Khoury, morto em 1999.
A direção da Assembleia anunciou também na quarta-feira, a antecipação em dois meses do prazo para recadastramento de seus funcionários, que terá que ser feito até dia 17 de maio. A Casa também prometeu passar a publicar na internet os Diários Oficiais.
Auditoria — Ontem, a Executiva Estadual do PV divulgou nota exigindo o afastamento de todos os envolvidos nas denúncias e a contratação de uma auditoria externa para investigar as acusações. Cobrou ainda de Justus a divulgação imediata divulgação dos setores ou gabinetes estariam lotados os supostos funcionários “laranjas”.
Na primeira reportagem da série, divulgada na segunda-feira, a RPC apontou o caso da agricultora Jermina Maria Leal da Silva e a filha dela, Vanilda Leal, moradoras da zona rural de Cerro Azul, na região do Vale do Ribeira, que aparecem como tendo recebido juntas R$ 1,6 milhão em salários como servidores da Assembleia entre 2004 e 2009. Ambas negam ter recebido qualquer dinheiro ou sequer terem conta bancária. A Assembleia inicialmente alegou que elas seriam funcionárias do gabinete do deputado Jocelito Canto (PTB), mas depois voltou atrás. Desde então, a Casa não informou em qual setor ou gabinete elas estariam lotadas. http://www.bemparana.com.br/

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